terça-feira, 5 de maio de 2009

Uma romântica inveterada

Por definição, inveja significa “ato de querer aquilo que os outros tem”. É... odeio admitir, mas hoje senti uma pitadinha desse sentimento terrível ao ouvir de uma colega como foi seu final de semana (não que o meu tenha sido ruim, foi ótimo em todos os sentidos). Ela compartilhou comigo que seu atual namorado, um dos últimos românticos do mundo, a surpreendeu com pétalas de rosa sobre a cama num dia e no outro com um buquê gigantesco, trazendo um cartão de tirar o fôlego. Sem falar nas mensagens de texto que recebe todos os dias, nas quais ele tenta mensurar o que está sentindo por ela. Fiquei muito feliz pela minha amiga, que não conseguiu (acho que nem queria) disfarçar seu semblante nitidamente apaixonado. Há de convir que hoje em dia é difícil encontrar um homem que trate a mulher como deve ser, que abra a porta do carro, que ande de mãos dadas, que seja carinhoso e que mantenha entre ambos um respeito incondicional.

Enquanto ela suspirava, lembrei da primeira vez que assumi esse meu lado romântico, atualmente, um pouco camuflado. Eu devia ter uns 13 anos de idade e, como de hábito, acordava cedo todos os dias para ir à escola. A cada manhã eu mantinha um ritual: mal o despertador tocava, eu pulava da cama e seguia para a janela do meu quarto (moro num apartamento) para respirar fundo aquele frescor que só uma manhã de outono consegue ter. Quando olhei para baixo estava escrito no asfalto, bem na direção do quarto da minha vizinha de porta: “Thaty, te amo! J.”. Era aniversário de namoro dos dois e ele havia passado a madrugada inteira infringindo a lei somente pra sua namorada acordar com aquelas palavras.

Mal sabe ele que assim que as li, abusada que sou, saí correndo para a casa dela, sem escovar os dentes, pentear os cabelos ou trocar de roupa. Fiz questão de observar a reação da Thaty quando mostrei o que seu namorado havia declarado para ela abertamente. Para quem quisesse ver. Ela ficou com os olhos cheios d’água e eu também. A partir daquele instante não pensava em outra coisa a não ser no dia em que eu me apaixonaria. Não via a hora de conhecer uma pessoa que seria capaz de passar a madrugada inteira agachado, desviando de carros e consertando os borrões deixados na tinta branca só para dizer um “eu te amo” diferente e surpreendente.

Minha colega de trabalho me lembrou do quanto sou romântica, por mais que eu negue isso para mim mesma. Não sei porque, acho que pelo fato de ter me decepcionado muitas vezes, quando perguntam digo que não sou, que sou uma mulher moderna (sou de fato!) que não liga para essas coisas. Na verdade, continuo sendo aquela menina de 13 anos que sonha em encontrar um cara que faça papel de bobo num ambiente lotado, mostrando que não sente vergonha por gostar de mim; que mande um buquê de flores para o meu trabalho num dia comum; que respeite meu jeito moleca de ser e meu temperamento às vezes um tanto difícil; e que não me coloque numa redoma de vidro, como outros já fizeram, com a placa indicativa “Somente para exposição, por favor, não toque”.

Já o meu lado adulto fala mais alto quando faço uma alusão entre o meu pensamento de adolescente, exposto anteriormente, e aqueles protagonistas imaculados das comédias românticas, gênero que eu não suporto por ser meloso demais (o paradoxo também faz parte da minha personalidade sim). Para ser honesta, eu gosto mesmo é do hibridismo existente quando se combina a personalidade do cara real com algumas características intrínsecas no meu conceito de homem ideal.

O resultado é um sujeito maravilhoso. Cheio de problemas reais, provenientes de sua rotina atribulada; um pouco estressado; que não tem receio de dizer que está confuso em relação à carreira; com direito a defeitos, cometer erros e exageros curiosos; e dotado de trejeitos interessantes. Ainda acredito que esse homem real também possa nos dar um botão de rosa quando menos esperamos, que possa nos apoiar e nos criticar pensando somente no nosso bem; nos alertar; proteger e ainda conversar durante horas sobre assuntos sérios ou nos fazendo rir até o estômago doer. Sem medo de soar infantil, ainda penso que um dia vou acordar, olhar pela janela e me surpreender com uma declaração de amor. Mas dessa vez endereçada a mim.

6 comentários:

  1. Mari, conhecendo hoje o seu blog fiquei encantada com tudo que vc escreveu. Já tinha admiração por vc e agora mais ainda, pois vc eh uma pessoa muito especial. Um encanto de menina!
    Bjos,
    Rose Santos.

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  2. MARY,
    fICO FELIZ DE TER PROVOCADO ESSE TEXTO TÃO LINDO. cOM CERTEZA VOCE IRÁ ENCONTRAR ALGUÉM QUE ESCREVA " EU TE AMO" NO SEU CORAÇÃO, VOCE MERECE MUITO MAIS.
    BEIJOS

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  4. Oi Mari, ainda não tinha visto o seu blog e confesso que por enquanto li apenas o seu último texto, mas já por este posso te dizer que gostei muito. Não acompanhei as suas colunas enquanto jornalista infelizmente. Acho a iniciativa de escrever muito interessante. Gostei. Vc escreve muito bem!
    Ai vc poderia se perguntar meio impaciente: é óbvio né, sou jornalista?!
    O que eu pretendia dizer é que existem vários jogadores de futebol, mas nem todos jogam bem. O fato é que nem todos que tem uma profissão, exercem este trabalho pq são bons, mas apenas por ser a profissão que tem.
    No seu caso, jornalista. Não sei definir bem ao certo se a capacidade de fazer algo muito bem é um dom, predestinação, sorte ou muita prática.
    Parabéns, querida!

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  5. Naninha, infelizmente existe cada vez menos espaço para homens românticos no Mundo, pelo menos no Brasil, Rio de Janeiro, Niterói.

    Hoje em dia, a maioria das mulheres com quem converso são exemplos de futilidade. Você não pode demonstrar muito apreço, caso contrário elas começam a abusar. Com os abusos, aparecem as críticas, que por mais construtivas que sejam, que como você postou, visam somente ajudá-las de alguma forma, você sempre sai como o vilão.

    São raras as mulheres românticas. Abundam as mulheres interesseiras, que nem ao menos consideram olhar para você se você não tem carro, ou coisa parecida.

    E mesmo que você preencha todos esses 'requisitos,' a conversa por parte das mulheres é das mais desinteressantes. Raras são mesmo as que conseguem falar corretamente. Às vezes me pergunto se falamos a mesma língua.

    Não é algo que uma pessoa veja e pense: "nossa, essa mulher é para ser levada a sério!"

    Isso é simplesmente impossível, já que elas mesmas não estão se levando a sério, por mais gatas que possam ser!

    Então, eu acabo com meu comentário extremamente longo (e por favor, me desculpe por isso), concluindo que a falta de homens românticos é totalmente proporcional e fomentada pelo fato de que as próprias mulheres reprimem este tipo de comportamento.

    Generalizando, de acordo com o pensamento feminino, ser romântico é ser brega. E nenhuma mulher socialmente ativa que se preze quer ser brega. Ela quer estar na moda, o que implica, na maioria dos casos, em ser uma pessoa superficial.

    Bem, Naninha, mais uma vez, desculpa pelo tamanho do comentário, tá? Beijão!

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  6. OBS.: Cultura inútil para você, mas há 64 anos, os exércitos alemães na Itália se rendiam aos aliados. No dia seguinte, 7 de maio, assinaram os termos de rendição em Reims, e finalmente no dia 8 de maio, findava a guerra na Europa e nossos soldados e aviadores poderiam voltar para casa! S:)

    Beijo!

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