domingo, 12 de abril de 2009

Tradição X Tecnologia

Minha avó sempre me contava sobre sua infância e como os jovens tinham e demonstravam respeito pelos mais velhos. Falava ainda sobre os costumes de sentar à mesa pontualmente às 18 horas para jantar com toda a família, assim como dormir até às 20h30, sem poder passar desse horário uma única noite, principalmente se no dia seguinte tivesse aula de manhã cedo. É engraçado como a cada dia que passa, mais eu me lembro do que dizia a minha avó, mesmo porque pouco tenho lembranças de sentar à mesa com meus filhos para conversar, rir e falar sobre a vida.

Pode-se dizer que a instituição “família” mudou muito nos últimos 100 anos, em parte por conta do advento da tecnologia que seduz e, a cada inovação, vem seduzindo alguns ou todos os seus membros. Tamanhas são as distrações (sejam elas para fins profissionais ou apenas para alimentar a curiosidade) que impedem a família pós-moderna de arrumar um tempo para si mesma e para digerir seus conflitos mais latentes, que agora vem se agravando por conta da falta de comunicação.

Atualmente, não sobra mais tempo de ligar para um filho, só para saber como ele está, de perguntar à nossa mãe se ela tem seguido os conselhos de seu médico e se tem dormido bem à noite. Ao que tudo indica, o século XXI será conhecido como o das grandes inovações tecnológicas, mas também do distanciamento familiar.

Hábitos simples como ler o jornal pela manhã se tornou algo inacessível ou uma verdadeira batalha para alguns. Isso porque nossos filhos preferem ler as notícias através dos onlines e nossas filhas “roubam” de nós as editorias de moda e cultura a caminho do quarto, onde se trancam. Nossos maridos... esses então, ficam cada dia mais imersos em seus livros de história ficcional, fugindo da realidade, ou desvendando as inúmeras facetas dos joguinhos de computador, muitas vezes, estes apresentados por nossos próprios filhos.

O “bom dia” se transformou num grunhido pela manhã seguido de um vulto que sai direto pela porta da sala, o “boa noite” às vezes é inexistente (o que nos faz sentir falta do grunhido) tamanha a diversidade dos horários de chegada e saída da família. Apesar dos amigos do msn (quase sempre online) ou das atualizações do orkut valerem mais a atenção dos jovens e adultos (!) do que sua própria família, acho que as inovações tecnológicas não devem carregar toda a culpa desse distanciamento.

Faz parte da família pós-moderna identificar e compartilhar grunhidos, que com o tempo podem se transformar em frases, por consequência, em diálogos e por aí vai... assim como falar sobre um fato do dia-a-dia, mesmo que seja somente para desviar o olhar do outro que está compenetrado sobre a tela do computador. É importante saber que é possível fazer sim com que a família evolua unida, abraçando a tecnologia, mas respeitando as tradições formadas e exaltadas por nossos avós.

Nenhum comentário:

Postar um comentário